27 outubro 2006

00

era assim que queria que acontecesse, queria voltar ao zero! tudo do início, todo o começo pela frente de novo. refleti, pensei, costurei, remontei, colei, descolei, colori, apaguei e uma outra série de verbos e me vi assim, ajourd´hui, sem ter você pra me fazer sorrir, pra me dar abraços gostosos. já diziam que cancerianos dão os melhores abraços, mas sem os outros braços: NÃO DÁ!
tava afim mesmo é de te pedir desculpas por tudo que fiz, fui eu quem errou. eu que joguei tudo fora. queria, agora, deitar-me no seu colo e falar tudo, de tudo que sofri esse tempo em que ficamos longe. como quero correr de novo ao seu lado, los hermanos debaixo das cobertas. e falar de livros, então?! tentei algumas vezes voltar atrás, mas acho que não deu muito certo... tive medo e ainda tenho. não sei como podes encarar agora o que estou falando. me dá um sinal, que tal? sei lá, um jeito de posicionar as mãos sobre a boca, ou uma careta. qualquer coisa seria um sinal. quero que saiba que me arrependi e voltar ao 00 é o que quero. porque tu és Lavínia, aquela que preciso.

21 outubro 2006

Porque tu és Lavínia

porque és duas, és Lavínia. é de ser ambígua, de um bom oxímoro, de me fazer sorrir e chatear-se. és duas direções, pra cima e pra baixo. quando deitas e deixa seu corpo líquido-poético se esparramar. és de (hi) estórias e também de ficar high. e cai de novo em seu corpo líquido de álcool extravasando nos meus braços. e por falar em braços: seus braços são de um abraçar gostoso e de um afastar duro. ficar longe e depois estar próximo em um rato de tempo. és toda língua - áspera e doce - de afeto e ríspidez.
és Lavínia, és duas, e quero decifrá-las. porque, como és Lavínia, pode ser mais.

és grande!

Protocolo

PROTOCOLO

PRÓTO COLO

PRÓTO COLA

PRÓTO COLAGEM


Recortes de poesia burocrata

05 outubro 2006

Epifania

achava que essas coisas não existiam. essa felicidade que chega sem algum motivo aparente e, até mesmo, escondido. caminhando na chuva senti uma alegria, uma leveza indescritível. enquanto todos corriam para se esconder da água, eu caminhava devagar pela rua só sentindo as gotas de chuva, sem pensar em nada. olhava pro céu para ver de onde vinha a felicidade (seria algo divino?) e abria um imenso sorriso que nunca ousei dar. ri durante todo o percurso até em casa e quando cheguei: abri as janelas para que essa chuva boa inundasse o meu apartamento e a mim. seria muito bom que esses momentos durassem para sempre. tava desanimado com tudo no mundo e isso foi um golpe que me fez ascender do chão, como um lutador em um filme de ação. porém, é bom que momentos epifânicos como esse durem pouco e com rara beleza, pois se fossem regulares seriam chatos e banais.

04 outubro 2006

Alice Ruiz

Algo que vi escrito no ar...

Alice Ruiz - Overdose Lyrics
Já notou que eu te amo
Ou você pensa
Que toda vez que
eu ligo
É por engano?

Já sacou que é meu
vício
Minha droga
Meu barato
Ou vou ter que
curtir a rebordosa
Em algum hospício?

Pra me
deixar normal
Só uma overdose de você
Pra me pirar
legal
Só uma dose dupla desse mal

03 outubro 2006

Quem sabe numa esquina qualquer

sabe, não tenho muito o que falar... só queria encontrá-la de novo. sempre tenho dessas de querer ver de novo - sempre acho que algo novo e grande pode acontecer. só tenho o seu telefone e nome, quero mais: quero ver! porque ver é o único conhecimento da gente. se não vejo, não existe. e como era bonita queria lhe ver por muitas vezes mais. porque se não te vejo despedaça, corrói a imagem da minha retina, que já não enxerga tão bem como antigamente. se tivesse uma foto... mas não tenho! só a vi uma vez e foi tão intenso de dentro. de dentro. de dentro. de dentro. (ecoa!) deixa te ver de novo: cinema, choppinho, show de róque ou mesmo no banco da praça ou rua, que tal? você também não tem nada de mim, só meu telefone e meu nome (também) e, espero, lembrança... como era bonito teu cabelo, teus olhos àquela luz fraca. me dá vontade de ir até a sua casa e aos berros gritar seu nome, mas vou fazer o quê se só sei a sua rua e ela é cheia de casas e apartamentos?! qualquer dia desses ainda de encontro por aí e quem sabe teu rosto não tenha sido deformado pelo tempo. qualquer dia desses a gente se esbarra numa esquina e recomeça o que teve um breve início.