02 julho 2013

sete de julho de dois mil e treze

2 canecas de café e cuca de bana com doce de goiaba
Pêra
Arroz integral couve-flor brócolis bife alface agrião pepino morango laranja
Misto quente
16 cigarros

Hoje estava lendo a biografia de Rudolf Steiner, escrito por Johannes Hemleben. Já tinha lido outros livros do criador da Antroposofia. Há algum tempo estou grandemente conectado com suas ideias. Cada vez mais acredito na conexão entre diversos mundos. Ou seja, a realidade não é apenas física. Devemos buscar a verdade onde diversas esferas de ação se conectam. Como Steiner diz: o homem quadrimembrado. A relação entre os corpos físico, etéreo, anímico e espiritual.

Desta realidade tetrapartida, Steiner exemplifica com a relação com os reinos da Natureza. O mineral como essencialmente do domínio físico, imutáveis em sua condição terrena. Os vegetais como a conexão dos domínios físico e etérico, já apresentam o aspecto do desenvolvimento que plasma o organismo na ideia da formação contínua: semente, broto, inflorescência e fruto. Os animais presentes corporeamente no espaço, se desenvolvendo e apresentando mais um domínio a alma, o que quer dizer, sua capacidade anímica de sentir medo e prazer, revelada na alimentação e reprodução, os chamados instintos animais. Para Steiner, o ser humano está em condições mais elevadas. Nele se revela o espírito, a capacidade de conseguir colocar dentro do mundo através de um julgamento único de individualidade, o eu.

Eu me permito a discordar levemente do dr. Steiner neste aspecto. Concordo plenamente sobre a condição espiritual do homem na revelação do mundo através deste julgamento particular da condição sobre a realidade. Não há exclusão das condições anteriores, a que regressamos na morte na condição de mineral. Perfeito o julgamento deste grande homem. Porém, ele acreditava que o ser humano seria a conexão para o mundo elevado e que conseguiria se liberar das amarras que os prendem nesta realidade materialista.

Neste ponto é que não concordo com ele. Podemos sim nos liberar, mas acho que a condenação virá antes da iluminação...

Se Steiner tivesse vivido mais cem anos, creio que poderia estar pensando diferente. De minha parte acho que existe um reino da Natureza que ficou esquecido por ele. Talvez por que em sua época estes organismos eram considerados plantas. Falo dos fungos. Estes incríveis seres são a completude dos quatro domínios. Nós, humanos, só conseguimos tocar de leve o espírito. Os fungos estão totalmente imersos nas quatro condições de realidade.

Fungos conectam florestas, fungos se unem a outros fungos e tornam-se um só (somatogamia, a coisa mais linda que pode existir na existência!), fungos se comunicam por telepatia, fungos renovam aquilo que caiu no nível inferior para recriar os domínios da realidade. Nós conseguimos ter um vislumbre tênue desta condição superior destes seres ao experimentá-los.

Acredito que a evolução completa do espírito se dará quando esta realidade fúngica penetrar as outras formas de vida. Quando um fungo se erguer do solo e caminhar pela vastidão do espaço. Só falta isto a eles. O caminho é mais curto e uma conexão de nós com eles se faz essencial para rompermos o véu que turva nossa visão sobre a grandiosidade do Universo. O homem-fungo é a realidade última para descobrirmos o que é Deus.

Para terminar o escrito de hoje, deixo um trecho de Steiner. Não podemos seguir as ideias dos outros cegamente, temos que ouvir, mas as ideias são únicas e ninguém as têm por nós.

Procura momentos de tranquilidade interior e aprende, nesse momentos, a distinguir o essencial do acidental.
Notar-se-á sempre que aqueles que realmente sabem são pessoas mais modestas, e que para elas não há nada mais remoto do que aquilo que os homens chamam de desejo de poder.
Mesmo o mais sábio será capaz de aprender infinitamente muito das crianças.
Se não se conseguir compreender algo, será melhor abster-se de um julgamento em vez de condenar.
Devem cair de ti todos os preconceitos.
Sem bom senso todos os teus passos são inúteis.
Aprende a silenciar-te quanto às tuas visões espirituais.
Regra áurea: ao tentar dar um passo adiante na cognição de verdades ocultas, dá simultaneamente três passos adiante no aperfeiçoamento do teu caráter para o bem.
Em Como Se Adquire o Conhecimento dos Mundos Superiores, 1909.